Os dados fornecem embasamento técnico para orientar medidas como a definição de locais para aplicação de testes, monitoramento de casos e isolamento de indivíduos fora de suas residências nas situações em que a alta densidade domiciliar inviabiliza a quarentena doméstica. Essa gestão territorial é mais uma ferramenta que poderá ser adotada para salvar vidas, salienta o pesquisador.
O professor ressalta a importância do isolamento social nesse momento, bem como a necessidade do auxílio financeiro governamental para que as pessoas que assim o necessitem possam cumprir as orientações das autoridades de saúde e tenham condições materiais de permanecer em casa. Por fim, Ubirajara cita tecnologias já adotadas em outros países, como o monitoramento do fluxo de pessoas através dos sinais de seus telefones celulares, que devem ser consideradas.
Foram levadas em consideração para o estudo as informações do Governo do Estado da Bahia acerca da distribuição de viagens na Pesquisa Origem-Destino (OD) e os dados da Secretaria Municipal de Saúde sobre a espacialização dos casos por bairro. Também foram avaliados o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o Índice de Vulnerabilidade Social, a densidade habitacional (medida pela proporção da população vivendo em domicílios com mais de dois indivíduos por cômodo) e a proporção de domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitários inadequados. Esses indicadores foram extraídos diretamente do Atlas da Vulnerabilidade Social, de iniciativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), baseado em dados do Censo Demográfico de 2010.
Estudos continuam
O grupo GeoCombate Covid-19 BA continuará investindo na coleta de dados atualizados e em pesquisas acerca da localização espacial da doença e seu potencial de espalhamento através do sistema de transporte público e do trânsito de pessoas pela cidade.
Integrante do grupo, a professora Fabíola Andrade, também da Escola Politécnica, chama atenção para a necessidade de informações mais detalhadas sobre os casos confirmados. Sugere que as informações da doença associadas aos bairros forneçam dados mais precisos, como, por exemplo, a localização das ruas onde há casos confirmados. “Assim será possível fazer um rastreamento mais eficiente dos casos”, avalia.
Ela ressalta que os mapas demonstram a necessidade de priorizar ações de combate à pandemia nas áreas mais vulneráveis em relação a outras com menor potencial para a expansão da doença. A professora diz que o grupo também pretende expandir o estudo para o Estado da Bahia e está disponível para a realização de novas pesquisas a partir de demandas do poder público.
O grupo GeoCombate é coordenado por professores pesquisadores da UFBA e composto também por profissionais autônomos ou ligados a órgãos executivos do poder público municipal, estadual e federal. Na sua formação, abrange diversas áreas do conhecimento, tais como Geografia, Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia de Transportes, Ciência de Dados, Saúde Pública, Geologia e Economia, com ênfase em análise espacial.
Fonte: EdgarDigital