Pesquisa busca entender como ficará a vida após a pandemia

Ajudar a compreender o que esperar e o que poderá ser considerado normal na sociedade pós-pandemia. Este é o principal objetivo do Observatório da Sociedade Pós-Pandemia (OSPP) criado através de uma iniciativa conjunta da UFBA, da Universidade Federal de Brasília (UNB) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
 
Como primeiro produto, o OSPP desenvolveu um relatório, a partir de uma pesquisa on-line com 1020 respondentes, realizada no período de 11 a 15 de abril de 2020, cujos primeiros resultados terminam de ser divulgados e podem ser conhecidos em detalhes, clicando aqui.
 
Ressaltando alguns resultados obtidos, o professor Horácio Nelson Hastenreiter Filho, diretor da da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e membro do OSPP, informa: “Verificou-se que parte importante dos respondentes crê em algumas transformações pessoais importantes, como a incorporação do medo de novos eventos cataclísmicos à lista individual de fobias.”
 
Em relação ao comportamento social, “verifica-se que o maior reconhecimento das interdependências sociais prediz a incorporação de valores mais solidários, possível reflexo do reconhecimento de que na estratégia de isolamento, por exemplo, esse só cumpre o seu papel se adotado de forma coletiva”, explica o professor.

Destaca-se, ainda segundo Horácio, “a sensação de estar mal informado em relação à doença e ao seu caráter pandêmico. Mesmo o isolamento social, ponto fulcral da estratégia de combate ao espalhamento da pandemia, adotada pela grande maioria dos países, não tem sua motivação perfeitamente compreendida pela população brasileira, nem por aqueles que estão nos grupos superiores de escolaridade e renda”.
 
Os observadores ligados ao OSPP esperam, com esse trabalho, entender como a sociedade continuará a enfrentar a pandemia nos próximos meses, além de conhecer os legados transformadores deixados pela pandemia do novo coronavírus. A pesquisa será aplicada “de forma longitudinal, acompanhando as diferentes fases do isolamento e buscando traduzir os impactos gerados nos diferentes perfis de pessoas, gerados pelo distanciamento social”, explica o professor Horácio.
 
O questionário perguntava também sobre o papel da Educação a Distância (EAD) no futuro. A maioria dos respondentes – 50,8% – acredita que a EAD poderá complementar – e não substituir – a educação presencial. Outros 20% afirmam, mais enfaticamente, que a EAD jamais poderá substituir a educação presencial; e 12% acham que a EAD só deve ser adotada em situações excepcionais, como a da pandemia.

Alcance e novas etapas
 
Foram utilizadas as redes sociais dos pesquisadores como disseminadoras do link da pesquisa, que utilizou uma plataforma online para a coleta dos dados. As questões procuraram identificar os principais impactos sociais, econômicos, políticos e educacionais associados à pandemia, bem como as principais necessidades de informações não atendidas.
 
Por sua natureza dinâmica e prevendo-se que o processo de isolamento vai perdurar por alguns meses, espera-se a aplicação de outros questionários com novas, mas também com repetidas informações, de modo que se entenda o impacto dos acontecimentos das próximas semanas e meses em relação aos posicionamentos e as avaliações obtidos agora, no meio do mês de abril, segundo informa o relatório da OSPP.

Outra pesquisa, prevista para as próximas semanas, anuncia o professor Horácio, “tratará da ocupação das pessoas durante a pandemia. Além do trabalho e das demandas domésticas, a pesquisa buscará explicar como o lazer é tratado e a partir de quais atividades durante esse período”.
 
Enquanto busca parcerias com jornais para aumentar a divulgação da pesquisa e seus resultados, o OSPP deverá desenvolver um site próprio, tornando não somente os seus relatórios disponíveis para a sociedade, como também as suas bases de dados, as quais poderão ser tratadas por outros pesquisadores interessados.