Pesquisas apontam os cuidados necessários para proteção de trabalhadores em saúde

Somente na China, mais de 3,3 mil trabalhadores da saúde foram infectados pelo coronavírus, e 22 morreram até o dia 21 de março. Na Itália, calcula-se que 20% dos profissionais foram infectados, e alguns morreram. Diante desta realidade, diversas pesquisas científicas têm sido realizadas para apontar soluções de prevenção à Covid-19 e de proteção dos trabalhadores de saúde.

Uma metassíntese sobre a produção científica sobre o tema foi produzida pelo pesquisador do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA Luís Eugênio de Souza, integrante da Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade —, uma iniciativa do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz) e da UFBA.
A garantia do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é a principal recomendação dos estudiosos. Profissionais de saúde que entram em contato com pacientes devem usar vestidos, luvas, máscara médica e proteção ocular, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda segundo o órgão, em procedimentos de geração de aerossóis (como, por exemplo, intubação traqueal, ventilação não invasiva, traqueostomia, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, broncoscopia), os profissionais devem usar respiradores, proteção dos olhos, luvas e roupões e aventais impermeáveis.

Contudo, nem sempre as condições são as ideais. E os trabalhadores precisam ser apoiados pelos gestores, empregadores e conselhos profissionais, segundo estudo conduzido por John Willan[1]. Outro estudo, realizado em intensivistas que atuaram na província Hubei, na China, aponta que somente 3,2% destes profissionais tinham certificação de treinamento no momento de explosão da pandemia. De acordo com a pesquisa[2], a falta de treinamento pode ter influenciado na taxa de letalidade. Os pesquisadores concluem que a preparação de todos que atuarão em cuidados intensivos é um caminho que precisa ser adotado.

Medidas adotadas para equipes de anestesiologia em dois hospitais de Cingapura foram identificadas no estudo liderado por Jolin Wong[3]. Turnos extras foram adicionados entre as cirurgias eletivas, equipes para Covid-19 foram separadas, viagens foram proibidas, a temperatura corporal dos membros das equipes era medida duas vezes ao dia e treinamentos contínuos foram algumas ações implantadas.

Notas:

[1] Willan J, King AJ, Jeffery K, Bienz N. Challenges for NHS hospitals during covid-19 epidemic

BMJ 2020; 368 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.m1117 (Published 20 March 2020)

[2] Li Li, Qianghong Xv, *Jing Yan, COVID-19: the need for continuous medical education and

training, Lancet Respir Med 2020 Published Online March 16, 2020 https://doi.org/10.1016/

S2213-2600(20)30125-9.

[3] Wong, J., Goh, Q.Y., Tan, Z. et al. Preparing for a COVID-19 pandemic: a review of operating

room outbreak response measures in a large tertiary hospital in Singapore. Can J Anesth/J

Can Anesth (2020). https://doi.org/10.1007/s12630-020-01620-9