Um manual com orientações para a adoção de procedimentos e rotinas em casa para o controle de contágio da Covid-19 foi elaborado pelo Grupo de Estudos em Arquitetura e Engenharia Hospitalar (GEA-HOSP), da Faculdade de Arquitetura da UFBA, com base nas recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O objetivo da cartilha é mostrar como se deve organizar o espaço residencial para diminuir as possibilidades de contaminação”, avalia o coordenador do grupo, professor Antônio Pedro de Carvalho, que destaca a importância de reduzir a velocidade de disseminação do novo coronavírus de modo a evitar o colapso do sistema de saúde e ajudar a salvar vidas. Práticas comuns da arquitetura hospitalar foram adaptadas para o enfrentamento da doença dentro das residências.
De acordo com o professor, o material produzido considera também legislação específica sobre o assunto, a exemplo da Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – RDC nº. 50/2020, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
Ele destaca pontos como a necessidade de estabelecer barreiras físicas em ambientes de isolamento e áreas para limpeza e desinfecção. “Nas residências, são necessários cuidados semelhantes”, afirma, fazendo referência, por exemplo, às chamadas áreas de transição, que funcionam como uma barreira entre a rua, considerando um ambiente potencialmente contaminado, e a casa, considerada durante a epidemia como uma área vulnerável que precisa ser preservada do contato com o vírus.
A área de transição deve estar bem definida – podendo-se delimitar o local com fita adesiva de cor contrastante no piso ou mobiliário. Recomenda-se também a colocação de algum mobiliário de apoio para higienização e bloqueio parcial do acesso. Nesta área serão colocados: caixa para sapatos ou bolsa de papel, porta bolsas ou maletas, porta-chaves, apoio de álcool em gel e álcool líquido 70% (INPM). Se houver um lavatório nas proximidades, este pode ser utilizado em substituição ao álcool.
O manual estabelece procedimentos para serem adotados em habitações onde não há moradores infectados e para os casos em que existem moradores diagnosticados com a Covid-19. “Quando não houver ninguém com a doença, a barreira deve ser feita apenas na entrada da residência”, explica o professor.
“Quando há um indivíduo infectado, é necessário que seja destinado um espaço isolado para ele”, acrescenta. Nesse caso, a indicação é que o isolamento seja feito em um cômodo da casa, que deve estar sempre com as janelas abertas e portas fechadas. Se houver mais de um banheiro disponível, o ideal é separar um deles para uso exclusivo do paciente.
Porém, diante da realidade de muitas casas brasileiras, em que várias pessoas habitam um mesmo cômodo, o manual prescreve, quando necessário, isolar uma parte do cômodo para o indivíduo com diagnóstico positivo, respeitando uma área de transição e a distância de pelo menos 1 metro de uma pessoa para a outra. Nos casos em que o banheiro será compartilhado, os cuidados com a limpeza do espaço são fundamentais após a sua utilização pela pessoa com a enfermidade. O professor acrescenta que o isolamento domiciliar também deve ser feito pela pessoa com sintomas como tosse, febre e dor no corpo, mesmo que não tenho o diagnóstico confirmado.
“Isso tudo é para dificultar que se transmita a doença para outras pessoas da casa”, diz o professor, que ressalta a importância dos cuidados em virtude das especificidades do vírus, que é muito contagioso e se prolifera com grande velocidade. “Essa doença é realmente diferente das outras. É uma pandemia violenta e que se espalhou muito rápido por todo o mundo”.
O material foi elaborado em parceria com a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH) e contou com a consultoria médica do infectologista Roberto Badaró, professor titular da Faculdade de Medicina da UFBA.