Tele Coronavírus encerrou atividades com mais de 110 mil atendimentos

O Tele Coronavírus, serviço telefônico que orientou a população e esclareceu dúvidas sobre a pandemia do novo coronavírus – contando, para esse trabalho, com estudantes e professores de medicina da UFBA e de outras universidades baianas, em parceria com o Governo do Estado -, encerrou suas atividades em 31 de julho de 2020, com 110.679 pessoas atendidas remotamente. A partir deste mês, o atendimento concentrado pelo aplicativo de telemedicina Monitora Covid-19, do Governo do Estado.
 
Lançado em 24 de março de 2020, em 125 dias de operação, o canal de comunicação atuou na triagem a distância de casos de suspeita de Covid-19, por meio do disque 155. A ação contribuiu para evitar que pessoas fossem expostas a ambientes de risco, diminuindo o deslocamento daquelas que apresentavam sintomas leves, reduzindo assim a transmissão do vírus em 343 municípios da Bahia.
 
“[A iniciativa] cumpriu seu papel nessa perspectiva. Cerca de 63% das pessoas atendidas não precisaram se deslocar para uma unidade de saúde”, afirma Viviane Boaventura, professora da UFBA e uma das coordenadoras do Tele Coronavírus, enfatizando a conotação assistencial do projeto, resultado do trabalho voluntário de 1472 estudantes de medicina do estado e de 172 médicos.
 
Idealizado pela UFBA e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Bahia) em parceria, o projeto recebeu apoio do Governo do Estado e agregou diversas escolas médicas federais, estaduais e privadas, entre elas UFRB, UFSB, UNEB, UESC, UEFS, UESB, Escola Bahiana de Medicina, FTC Salvador e Unifacs. Contou também com a participação da Fesftech (Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Estadual Saúde da Família), responsável pelo desenvolvimento da plataforma que será alimentada pelos voluntários. E teve integração com as secretarias de saúde dos municípios baianos.
 
Boaventura, que também é pesquisadora da Fiocruz, observa que “a inclusão dos estudantes numa atividade voluntária de enfrentamento de uma epidemia de tamanha proporção dá a eles um ganho social muito grande”. Em seu entendimento, a sociedade também se beneficia nessa relação, “pois estamos formando pessoas com essa visão e essa experiência de fazer um bem à comunidade”.
 
O serviço apresentou demanda crescente no número de ligações nos primeiros meses, e teve uma média de 9 mil atendimentos semanais, sendo que o pico de ligações foi em 25 de junho de 2020, com 2.055 chamadas. Após esse período, houve declínio de atendimentos até valores próximos aos do início do projeto. As cidades com mais atendimentos foram Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas e Camaçari. Os principais sintomas registrados foram queixas de tosse, febre, alteração do paladar e falta de ar.
 
“Mais de 70 mil pessoas atendidas não tinham sinais de alerta, provavelmente não eram pessoas contaminadas pelo coronavírus”, disse o diretor da Faculdade de Medicina da UFBA, Luis Fernando Fernandes Adan. A contribuição do serviço, que contou com participação de estudantes e professores de medicina da UFBA, evitou que todas essas pessoas sobrecarregassem ainda mais os postos e profissionais de saúde. “E ainda foi bom para essas 70 mil pessoas que não precisaram sair de casa e evitaram o risco da contaminação ao se dirigir a unidade básica de saúde”, observa Adan.
 
Além de Viviane Boaventura, fizeram parte da coordenação do projeto os professores da Faculdade de Medicina da UFBA Victor Nunes, Camila Vasconcelos, Manoel Barral-Netto, e Ricardo Khouri – os dois últimos também pesquisadores da Fiocruz Bahia.
 
As ações da UFBA de combate ao coronavírus podem ser acompanhadas em coronavirus.ufba.br.