TeleCoronavírus atendeu cerca de 24 mil pessoas em 42 dias de operação

Em 42 dias de operação, o TeleCoronavírus – iniciativa da UFBA e da Fiocruz, com apoio do Governo do Estado – prestou cerca de 24 mil atendimentos. A média é de 532 ligações por dia.
 
Por meio do número 155, de 7h às 19h, todos os dias, o canal de comunicação atua na triagem a distância de casos de suspeita de Covid-19, doença causada pelo coronavírus. A ação contribui para orientar a população e esclarecer dúvidas sobre a pandemia do novo coronavírus, e evita que as pessoas sejam expostas a ambientes de riscos ou que venham a contaminar outras, reduzindo assim as chances de contágio.
 
A população de diversas cidades da Bahia utiliza o serviço. Com destaque para Salvador, que concentra grande parte dos atendimentos, seguida por Feira de Santana, Lauro de Feitas, Camaçari, Itabuna, Vitória da Conquista.
 
Atendimento por cidade
 
Durante participação na programação da UFBA na Marcha Virtual pela Ciência da SBPC, realizada na quinta-feira, 07 de maio, Viviane Boaventura , professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina da UFBA e da Fiocruz, falou sobre o TeleCoronavírus. “O TeleCoronavírus foi criado com o objetivo de reduzir o deslocamento desnecessário de pessoas para unidades de saúde (…), contribuir prevenindo a transmissão e ajudando a achatar a curva da epidemia, para evitar o colapso do sistema de saúde.”
 
A pesquisadora explicou o funcionamento do TeleCoronavírus, que conta com o trabalho voluntário de mais de 1200 estudantes de medicina de todas as onze escolas médicas do estado – quatro federais, três estaduais e quatro privadas. Há aproximadamente 1.200 estudantes e 70 médicos, todos voluntários, sendo que para cada 20 alunos de medicina, existe a supervisão de um médico.
 
São os estudantes que recebem a ligação e fazem a triagem, que determina dois caminhos: quando há sinais de alerta, a orientação é que o paciente com suspeita de Covid-19 siga até a unidade de saúde de seu bairro, sendo orientado como proceder durante o deslocamento; quando não há sinais de alerta, a orientação é por boa higiene, distanciamento social e acompanhamento remoto, caso haja alguma modificação no quadro, o paciente retorna a ligação. Cada informação é registrada e as informações são enviadas em tempo real para a Secretária de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
 
Viviane Boaventura destacou também as vantagens do teleatendimento sobre ferramentas online, entre eles: serviço humanizado, sendo mais fácil a aderência às recomendações feitas de forma direta ao paciente; protocolos trabalhados por uma equipe qualificada e bem treinada, o que reduz nuances de interpretação; aprimoramento contínuo, com serviço orientado pelos dados registrados pelos alunos; acesso gratuito, atendendo todas as classes sociais, regiões remotas e sem sinal de internet; não necessita de letramento digital ou plano de dados; não requer escrita ou leitura, já que todo atendimento ocorre por telefone, com ligação gratuita.
 
A pesquisadora explicou que o estudante é treinado e atualizado remotamente, num fluxograma baseado nas evidências científicas e boas práticas. “Já está na 11ª versão. O fluxograma tem desenho pra ser sensível, busca pegar o máximo de casos de pacientes sintomáticos. A ideia é que o paciente com algum fator de risco seja avaliado e encaminhado para avaliação presencial”, conta.
 
Viviane Boaventura afirma ainda que o serviço contribui para a formação social e acadêmica do estudante de medicina. “Sabemos que as escolas médicas tem um importante papel social nesse momento de pandemia, e estamos contribuindo para o movimento de voluntariado, desenvolvendo uma ação cidadã num momento bem crítico para nossa sociedade”.
 
A formação continuada em Covid-19 também foi citada: “os professores gravam vídeos para estudantes dentro do tema da Covid-19 para manter uma atualização”. Os estudantes também são treinados em telessaúde e contam com apoio psicológico durante o enfrentamento pelo grupo Rede Escuta Saúde, voltado ao apoio psicológico dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia.